Sunday, April 26, 2015

O valor das mínimas coisas da vida


Na sexta-feira passada, dia 17 de Abril, à tarde, encontrámo-nos todos na entrada do Teatro Lethes e esperámos que nos dessem autorização para entrar.
A professora Ana Oliveira já nos tinha avisado acerca do tipo de ensaio a que iríamos assistir que seria “especial”.
Pessoalmente considero-me uma pessoa que se emociona facilmente porque o contacto com o mundo exterior me deixa sempre a pensar que vivemos num planeta belo, rodeados por uma natureza extraordinária e que, mesmo assim, não nos sentimos felizes com a vida que levamos.
O início da peça bastou para me emocionar, não pelo que se estava a passar na peça em si mas por imaginar o quanto estas pessoas com incapacidades se sentiam felizes com o que estavam a fazer, que era uma peça séria que falava do 25 de Abril.
A peça, encenada pela nossa diretora de turma, mostrava uma vida normal. Começava no momento em que acordavam e se levantavam para irem para o trabalho. Há um momento em que as personagens se cruzam e se apaixonam movidos por um “amor à primeira vista”. Em seguida casaram-se porque para além de se amaram, os maridos tinham de partir para a guerra.
Começaram as trocas de cartas, a saudade, o facto de os maridos ausentes receberem a notícia de que irão ser pais e a angústia de não poderem estar presentes no nascimento dos seus filhos e não os poderem ver crescer nos primeiros tempos de vida.
Algo que marcou imenso a peça foi quando o melhor amigo que ia voltar para a casa, leva a carta para a mulher do soldado e se tenta aproveitar dela, pensando que pela solidão que ela andava a passar, pudesse cair na tentação. A mulher revoltou-se com aquela atitude imprópria e expulsou o falso amigo, insultando-o.
Adorei o facto de terem convidado alunos das escolas secundárias para participar neste projecto devido à comunicação e à necessidade de adaptação entre os vários alunos e os utentes da APPC.
O que concluí com esta tarde foi que muitas vezes não damos valor às mínimas coisas, como o facto de conseguirmos andar, falar sem dificuldades e agarrar em objectos sem pensar duas vezes. Estas pessoas gostavam de conseguir fazer tudo o que fazemos facilmente. Mas, independentemente das suas dificuldades, não desistem de viver, não perdem as esperanças. Pelo contrário, muitas pessoas que têm tudo para serem felizes, desperdiçam o seu bem mais precioso, não dando valor às pequenas coisas.


Priscila Sousa

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