O espetáculo que o público teve oportunidade de assistir no passado dia 18 no Teatro Lethes nasceu de
um convite que a APPC fez diretamente ao Clube de Teatro Tapete Mágico, de Faro.
Sendo o Clube de Teatro mais antigo a funcionar ininterruptamente na região,
completando 20 anos em Setembro, esta estrutura resolveu abraçar mais um
desafio: trabalhar em prol da inclusão através de um processo de construção de
um espetáculo de teatro. Esse processo teve início no passado mês de novembro
com um pedido por parte dos utentes da APPC: não queremos fazer um espetáculo
para crianças. Imediatamente foi sugerido o tema do conto de Hans Christien
Anderson O Soldadinho de Chumbo. O
guião foi construído cena a cena pelos alunos do grupo Tapete Mágico. O
soldadinho de chumbo passou a ser um jovem convocado para a guerra do ultramar
na época imediatamente anterior ao 25 de Abril.
Tanto os
utentes da APPC como os estagiários de Interpretação do 1º ano da Escola Tomás
Cabreira receberam com entusiasmo as linhas mestras do texto coletivo que
iríamos passar a construir em cada ensaio. E cada sessão de trabalho foi uma
descoberta, um passo na construção de um objeto artístico que ansiava por ser
apresentado. Como disseram os utentes da APPC, “quando iniciaram os ensaios tudo parecia
assustador e o produto final afigurava-se longe de acontecer. No entanto, ao
longo destes meses, a aproximação entre todos foi conseguida e o que
apresentamos é o resultado de muitas dúvidas, hesitações, lágrimas e muitos
sorrisos.”
Este trabalho descreve uma história de amor e
sacrifício. Uma história onde o preconceito espreita a cada momento mas acaba
por sucumbir à nobreza de valores. Um jovem casal apaixona-se por entre a agitação
da cidade. Ela move-se em cadeira de rodas e por isso é apontada quando assume
a relação com um jovem atraente. O idílio termina quando ele, juntamente com os
jovens da sua idade, são chamados para a guerra. Casa-se apressadamente com a
sua rapariga e embarca, deixando uma maré de lenços agitados no Cais de
Alcântara. As raparigas escrevem cartas, os rapazes recebem-nas no cenário de
guerra, deixando-as ser a fonte da sua coragem. O rapaz recebe um tiro que o
deixa imobilizado da cintura para baixo. A rapariga, à custa de muito esforço
recupera o andar. O regresso do herói dá-se na altura do 25 de Abril: há cravos
vermelhos para o receber e uma atmosfera de esperança. A vida vai mudar e o
casal retoma a vida que a guerra interrompeu.
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