Friday, August 08, 2025

O discurso

 

Luísa – (Sobe para cima de uma mesa) Olá a todos! Já me conhecem. Mas para quem ainda não sabe o meu nome, eu sou a Luísa. Não a estúpida, ou a feiosa. É um nome mais simples: Luísa.

Sei que tenho bons resultados, mas não se preocupem, um dia hão de chegar lá,… aos 100%. Aí talvez possam começar a fazer parte das pessoas mais influentes da vossa rua, da vossa cidade.

Quero partilhar convosco umas informações sobre o meu corpo.

Estas são as minhas costas. Lá dentro estão os meus pulmões. Servem para respirar, para me manter viva.

Estas são as minhas mãos. Servem para agarrar, para apoiar quem precisa. Mas também para escrever o que me vai na alma.

Este é o meu tórax, que protege o meu coração. O coração serve para bombear o sangue que leva o oxigénio a todo o corpo. Dizem que o coração é responsável pelos sentimentos. Talvez. Sempre me disseram que eu tinha um coração grande. Não pelo tamanho, mas porque sou capaz de acreditar que as pessoas merecem ser perdoadas.

E esta é a minha parte favorita: a minha testa. Alta, que esconde o meu cérebro. Aquela parte do corpo que serve mesmo para pensar.

Tudo o resto é um papel de embrulho que esconde o mais importante. Todos nós temos costas, barriga, pernas, braços, pés... Mas só alguns de nós usam o cérebro para pensar.

Eu sou a Luísa. Gosto de ser como sou. Sei o que quero, sei o que não quero. E sei que tenho um bom amigo. O resto... é supérfluo.



1 comment:

Ana Martins said...

Um cérebro, uma mente, uma pessoa que pensa e que sente. Num mundo em que o supérfulo abunda, quem questiona e reflete é um círculo que circunda.