O Clube de Teatro Tapete Mágico foi criado na Escola Secundária Pinheiro e Rosa no ano lectivo 1995/1996. Nasceu da vontade de 20 alunos e de uma professora que decidiu partilhar o seu saber. O tapete sempre foi uma metáfora de evasão e de viagem para outros mundos, para outras personagens, para outras dimensões. Este espaço é dedicado a todos os que já experimentaram e os que ainda continuam a experimentar as emoções causadas pelas viagens possibilitadas pela magia do teatro.
Monday, October 27, 2008
O Mostrengo
Foi bonita a participação no Fórum algarve, a convite da rede de bibliotecas escolares.
Tudo partiu de um nó de uma oliveira, encontrada há cerca de 10 anos pelo professor Luis Vale. Um pedaço de madeira que fazia a imaginação soltar-se e sugerir monstros medonhos. Como o Mostrengo, da Mensagem. Com esta alusão criámos um pequeno apontamento cénico com cinco poemas da Mensagem, de Fernando Pessoa, que apresentámos ao longo de cinco sessões nos dias 25, 26 e 27 de Outubro, juntando a nossa voz à comemoração do Mês Internacional das Bibliotecas escolares.
Wednesday, October 15, 2008
O Tapete quer voar!!!
É isso mesmo! O Tapete quer voar. São muitos os pedidos, muitos os convites e quem aprendeu a voar no Tapete não quer deixar a emoção da viagem.
Este ano continuaremos a navegar pela poesia e por uma palavra importante: Lilás!
Investiguem porque não abriremos mão do nosso segredo...
Até já...
Este ano continuaremos a navegar pela poesia e por uma palavra importante: Lilás!
Investiguem porque não abriremos mão do nosso segredo...
Até já...
Monday, May 05, 2008
Cumplicidades
Tuesday, April 08, 2008
O Olhar da encenadora
Escalar-te lábio a lábio
Escalar-te lábio a lábio,
percorrer-te: eis a cintura,
o lume breve entre as nádegas
e o ventre, o peito, o dorso,
descer aos flancos, enterrar
os olhos na pedra fresca
dos teus olhos,
entregar-me poro a poro
ao furor da tua boca,
esquecer a mão errante
na festa ou na fresta
aberta à doce penetração
das águas duras,
respirar como quem tropeça
no escuro, gritar
às portas da alegria,
da solidão,
porque é terrível
subir assim às hastes da loucura,
do fogo descer à neve,
abandonar-me agora
nas ervas ao orvalho –
a glande leve.
percorrer-te: eis a cintura,
o lume breve entre as nádegas
e o ventre, o peito, o dorso,
descer aos flancos, enterrar
os olhos na pedra fresca
dos teus olhos,
entregar-me poro a poro
ao furor da tua boca,
esquecer a mão errante
na festa ou na fresta
aberta à doce penetração
das águas duras,
respirar como quem tropeça
no escuro, gritar
às portas da alegria,
da solidão,
porque é terrível
subir assim às hastes da loucura,
do fogo descer à neve,
abandonar-me agora
nas ervas ao orvalho –
a glande leve.
Eugénio de Andrade, Obscuro Domínio
Como brilham lentas as maçãs
Nocturno a duas vozes
- Que posso eu fazer
senão beber-te os olhos
enquanto a noite
não cessa de crescer?
- Repara como sou jovem,
como nada em mim
encontrou o seu cume,
como nenhuma ave
poisou ainda nos meus ramos,
e amo-te,
bosque, mar, constelação.
- Não tenhas medo:
nenhum rumor,
mesmo o do teu coração,
anunciará a morte;
a morte
vem sempre doutra maneira,
alheia
aos longos, brancos
corredores da madrugada. (…)
senão beber-te os olhos
enquanto a noite
não cessa de crescer?
- Repara como sou jovem,
como nada em mim
encontrou o seu cume,
como nenhuma ave
poisou ainda nos meus ramos,
e amo-te,
bosque, mar, constelação.
- Não tenhas medo:
nenhum rumor,
mesmo o do teu coração,
anunciará a morte;
a morte
vem sempre doutra maneira,
alheia
aos longos, brancos
corredores da madrugada. (…)
Eugénio de Andrade, Ostinato Rigore
Só o cavalo, só aqueles olhos grandes
Só o cavalo, só aqueles olhos grandes
de criança, aquela
profusão da seda, ma fazem falta.
Não é a voz,
que tanto escutei, escura do rio,
nem a cintura fresca,
a primeira onde pousei a mão,
e conheci o amor;
é esse olhar que de noite em noite vem
da lonjura por algum atalho,
e me rouba o sono,
e não me poupa o coração.
de criança, aquela
profusão da seda, ma fazem falta.
Não é a voz,
que tanto escutei, escura do rio,
nem a cintura fresca,
a primeira onde pousei a mão,
e conheci o amor;
é esse olhar que de noite em noite vem
da lonjura por algum atalho,
e me rouba o sono,
e não me poupa o coração.
Eugénio de Andrade, Branco no Branco
Escrito no Muro
O Corpo aprende devagar
Também tu...
Malmequer, bem me quer
É urgente o amor,
É urgente um barco no mar
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.
É urgente um barco no mar
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.
Eugénio de Andrade, As Palavras Interditas
Saturday, April 05, 2008
Estreámos!
Sunday, March 30, 2008
A bailarina da sombra
Agora é de noite
E a bailarina
Que não vive nem morre
Nunca esteve nua.
Era uma figura do sonho, uma recordação.
O seu corpo era uma nuvem
Dessas que ficam esquecidas depois da tempestade.
Agora ficará à deriva
Como uma vela que se acende dentro da escuridão.
E acende-se dentro do mais escuro rochedo
Para dele fazer um coração.
É por isso que a bailarina entra no labirinto e sai
Porque ao dançar
Acende uma luz
Que ilumina a escuridão.
E a bailarina
Que não vive nem morre
Nunca esteve nua.
Era uma figura do sonho, uma recordação.
O seu corpo era uma nuvem
Dessas que ficam esquecidas depois da tempestade.
Agora ficará à deriva
Como uma vela que se acende dentro da escuridão.
E acende-se dentro do mais escuro rochedo
Para dele fazer um coração.
É por isso que a bailarina entra no labirinto e sai
Porque ao dançar
Acende uma luz
Que ilumina a escuridão.
Thursday, March 27, 2008
As saudades do meu corpo
Pedro lembrando Inês
Em que pensar, agora, senão em ti? Tu, que me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a manhã da minha noite. É verdade que te podia dizer “Como é mais fácil deixar que as coisas não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos apenas dentro de nós próprios? Mas ensinaste-mea sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,até sermos um apenas no amor que nos une,contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo ele que mal corria quando por ele passámos,subindo a margem em que descobri o sentidode irmos contra o tempo, para ganhar o tempo que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,de chegar antes de ti para te ver chegar: coma surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu: a primavera luminosa da minha expectativa,a mais certa certeza de que gosto de ti, como gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.
Nuno Júdice
Corpo de Cristal
Bailarina
Lançada no espaço
Não morrerá
Continuará assim,
Vagueando
Nem na vida, nem na morte.
Bailarina
Corpo de cristal
Foi quebrada
Estilhaçada
E dos cacos dos seus olhos
Surgiam lágrimas
Puras como violetas
Possuindo a sua alma
Transbordando
De néctar purpúreo .
E ela dançava bebendo as violetas
Embriagando-se na sua paixão.
Dançava
À beira de vulcões
Acesos no seu corpo
E rodopiava
Sobre nenúfares
Pousados
Nos lagos
Dos seus olhos.
Agora é de noite
E a bailarina
Que não vive nem morre
Nunca esteve nua.
Era uma figura do sonho, uma recordação.
O seu corpo era uma nuvem
Dessas que ficam esquecidas depois da tempestade.
Agora ficará à deriva
Como um candeeiro que se acende na escuridão
E acender-se dentro do mais escuro
Para dele fazer um coração.
É por isso que a bailarina entra no labirinto e sai
Porque ao dançar
Acende uma luz
Que ilumina a escuridão.
Lançada no espaço
Não morrerá
Continuará assim,
Vagueando
Nem na vida, nem na morte.
Bailarina
Corpo de cristal
Foi quebrada
Estilhaçada
E dos cacos dos seus olhos
Surgiam lágrimas
Puras como violetas
Possuindo a sua alma
Transbordando
De néctar purpúreo .
E ela dançava bebendo as violetas
Embriagando-se na sua paixão.
Dançava
À beira de vulcões
Acesos no seu corpo
E rodopiava
Sobre nenúfares
Pousados
Nos lagos
Dos seus olhos.
Agora é de noite
E a bailarina
Que não vive nem morre
Nunca esteve nua.
Era uma figura do sonho, uma recordação.
O seu corpo era uma nuvem
Dessas que ficam esquecidas depois da tempestade.
Agora ficará à deriva
Como um candeeiro que se acende na escuridão
E acender-se dentro do mais escuro
Para dele fazer um coração.
É por isso que a bailarina entra no labirinto e sai
Porque ao dançar
Acende uma luz
Que ilumina a escuridão.
Emprestar o corpo à dança
De manhã cedo os bailarinos chegam ao estúdio, ao espelho. Trazem só o corpo, que aprenderam a emprestar à dança.
Bailarinos que se esquecem de si, aprendendo a sobrevoar paisagens de pensamento cristalizadas no espaço.
Nos bailarinos não há desejo a não ser o de se elevar ao som de uma melodia, de vibrar com um ritmo.
Os seus movimentos criam cores dentro das paisagens monocromáticas. E despertam nos outros o desejo de outras vidas por si vividas.
Plié, pás de basque, rond de brás, atitude.
Aula de clássica pela madrugada. Composição e ritmo pela tarde. História da dança, história da música, histórias que passam por si, vivendo-as como entidades abstractas.
O movimento enche-se de luz, preenchendo os seus corpos gloriosos. O cenário torna-se supérfluo quando o corpo é a extensão de si próprio, apontando para o infinito.
Ao fim do dia os espelhos partem-se por dentro de si mesmos e os bailarinos recolherão aos seus corpos, à hora de abrirem a janela de fingirem que se amaram, pairando por sobre o orvalho dos seus sentidos.
Bailarinos que se esquecem de si, aprendendo a sobrevoar paisagens de pensamento cristalizadas no espaço.
Nos bailarinos não há desejo a não ser o de se elevar ao som de uma melodia, de vibrar com um ritmo.
Os seus movimentos criam cores dentro das paisagens monocromáticas. E despertam nos outros o desejo de outras vidas por si vividas.
Plié, pás de basque, rond de brás, atitude.
Aula de clássica pela madrugada. Composição e ritmo pela tarde. História da dança, história da música, histórias que passam por si, vivendo-as como entidades abstractas.
O movimento enche-se de luz, preenchendo os seus corpos gloriosos. O cenário torna-se supérfluo quando o corpo é a extensão de si próprio, apontando para o infinito.
Ao fim do dia os espelhos partem-se por dentro de si mesmos e os bailarinos recolherão aos seus corpos, à hora de abrirem a janela de fingirem que se amaram, pairando por sobre o orvalho dos seus sentidos.
Uma homenagem aos obreiros da Arte Maior!
Dia 3 o tapete irá voar!
Monday, March 10, 2008
A busca da imortalidade
As moiras
A sombra do tempo aproxima-se
O seu apaixonado é apanhado pelas malhas do destino. As impiedosas moiras interferem na sua relação e levam-no consigo para sempre. Na mitologia grega, as Moiras eram as três irmãs Cloto, Láquesis e Átropos que determinavam o destino, tanto dos Deuses, quanto dos seres humanos, eram três mulheres lúgubres, responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos. Durante o trabalho, as Moiras fazem uso da Roda da Fortuna, que é o tear utilizado para se tecer os fios, as voltas da roda posicionam o fio do indivíduo em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em sua parte menos desejável (o fundo), explicando-se assim os períodos de boa ou má sorte de todos. Elas nunca foram manipuladas, e nada se pode fazer para detê-las, ou ganhar-lhes o favor.
A Bailarina cresce, e com ela cresce a mulher
A tensão surge quando, da sua letargia, emerge um encontro com alguém por quem ela se apaixona. É aí que ela se pergunta se é uma bailarina, se é uma mulher. Se vale a pena renunciar ao ser mulher para ser uma bailarina. A reposta vem através de um belíssimo poema de Nuno Júdice. Um amor tão forte, semelhante ao de Pedro e Inês, não pode ser ignorado. É aí que ela decide tirar as sapatilhas de ponta e começar a viver. Vivem dias de felicidade, sob o auspício de Eugénio de Andrade.
Esta menina, tão pequenina, quer ser bailarina...
A história começa com os sonhos de uma menina que quer ser bailarina.
Os sacrifícios por que tem de passar, as ofensas vindas da maldade das outras crianças:
Os sacrifícios por que tem de passar, as ofensas vindas da maldade das outras crianças:
- Olha, tem mais sapatilhas de ponta do que sapatos normais!
- E em vez de dedos, tem bolhas nos pés!
- Sabe mais palavras em francês do que em inglês!
- E só sabe contar até oito!
- Tem mais músculos nas pernas que os rapazes da bola!
- E dança com o ar, com o sol, com o vento!
- Todo o mundo tem um primeiro namorado… só a bailarina é que não tem!
A assunção de um mito
Desde sempre que as gentes do Teatro acreditam que os seus teatros são habitados por espíritos que vigiam e protegem os actores. São os fantasmas dos teatros.
O teatro Lethes, como monumento centenário, não foge à regra e, dizem, por lá habitam pelo menos dois espíritos. Um, é o de um soldado, que ficou enclausurado nas paredes do Teatro. O outro, é o de uma bailarina que se matou por amor…
Interessámo-nos por este último e tentámos penetrar, não propriamente na história, mas no espírito da bailarina. Quais teriam sido os seus sonhos, as suas hesitações, as suas escolhas, e o que terá despoletado o desespero de um acto tão trágico.
A nossa história é uma história de amor, que acende uma luz para o futuro. O amor é mais forte que a morte? Isso é o que cada um de nós poderá retirar dos pequenos fragmentos que iremos apresentar.
O teatro Lethes, como monumento centenário, não foge à regra e, dizem, por lá habitam pelo menos dois espíritos. Um, é o de um soldado, que ficou enclausurado nas paredes do Teatro. O outro, é o de uma bailarina que se matou por amor…
Interessámo-nos por este último e tentámos penetrar, não propriamente na história, mas no espírito da bailarina. Quais teriam sido os seus sonhos, as suas hesitações, as suas escolhas, e o que terá despoletado o desespero de um acto tão trágico.
A nossa história é uma história de amor, que acende uma luz para o futuro. O amor é mais forte que a morte? Isso é o que cada um de nós poderá retirar dos pequenos fragmentos que iremos apresentar.
Bailarina
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