Wednesday, April 29, 2015

O valor da amizade

A peça “O meu soldadinho de chumbo” foi uma, ou senão, a melhor peça de teatro que já vi até hoje… esta peça tinha um elenco “invulgar” porque incluía pessoas com deficiência, o que não é vulgar. Penso que só o facto de pessoas normais como nós estarem a trabalhar com pessoas com paralisia cerebral, já é um ato muito bom.
Aquela peça falava de guerras/amor e da diferença entre pessoas. Quando o Jorge e a Anita se encontraram toda a sociedade lhes apontou o dedo. Porquê? Porque as pessoas de hoje em dia falam muito mas só sabem julgar os outros. No caso da peça, o casal estava a ser julgado pelo facto de serem diferentes, se terem apaixonado e se terem casado.
Nesta peça também deu para observarmos a falsidade dos nossos amigos, porque o Jorge depositou confiança e pediu ao seu amigo que olhasse pela sua mulher enquanto ele estivesse na guerra. O seu amigo quando conheceu a mulher do Jorge, em vez de respeitar o amigo, atirou-se a ela.
Adorei mesmo a peça e espero que aquelas pessoas queiram fazer mais espetáculos.

                                                                                                                                           
Catarina Elias

Sunday, April 26, 2015

O valor das mínimas coisas da vida


Na sexta-feira passada, dia 17 de Abril, à tarde, encontrámo-nos todos na entrada do Teatro Lethes e esperámos que nos dessem autorização para entrar.
A professora Ana Oliveira já nos tinha avisado acerca do tipo de ensaio a que iríamos assistir que seria “especial”.
Pessoalmente considero-me uma pessoa que se emociona facilmente porque o contacto com o mundo exterior me deixa sempre a pensar que vivemos num planeta belo, rodeados por uma natureza extraordinária e que, mesmo assim, não nos sentimos felizes com a vida que levamos.
O início da peça bastou para me emocionar, não pelo que se estava a passar na peça em si mas por imaginar o quanto estas pessoas com incapacidades se sentiam felizes com o que estavam a fazer, que era uma peça séria que falava do 25 de Abril.
A peça, encenada pela nossa diretora de turma, mostrava uma vida normal. Começava no momento em que acordavam e se levantavam para irem para o trabalho. Há um momento em que as personagens se cruzam e se apaixonam movidos por um “amor à primeira vista”. Em seguida casaram-se porque para além de se amaram, os maridos tinham de partir para a guerra.
Começaram as trocas de cartas, a saudade, o facto de os maridos ausentes receberem a notícia de que irão ser pais e a angústia de não poderem estar presentes no nascimento dos seus filhos e não os poderem ver crescer nos primeiros tempos de vida.
Algo que marcou imenso a peça foi quando o melhor amigo que ia voltar para a casa, leva a carta para a mulher do soldado e se tenta aproveitar dela, pensando que pela solidão que ela andava a passar, pudesse cair na tentação. A mulher revoltou-se com aquela atitude imprópria e expulsou o falso amigo, insultando-o.
Adorei o facto de terem convidado alunos das escolas secundárias para participar neste projecto devido à comunicação e à necessidade de adaptação entre os vários alunos e os utentes da APPC.
O que concluí com esta tarde foi que muitas vezes não damos valor às mínimas coisas, como o facto de conseguirmos andar, falar sem dificuldades e agarrar em objectos sem pensar duas vezes. Estas pessoas gostavam de conseguir fazer tudo o que fazemos facilmente. Mas, independentemente das suas dificuldades, não desistem de viver, não perdem as esperanças. Pelo contrário, muitas pessoas que têm tudo para serem felizes, desperdiçam o seu bem mais precioso, não dando valor às pequenas coisas.


Priscila Sousa

Wednesday, April 22, 2015

Um palco para 30 emoções

O espetáculo que o público teve oportunidade de assistir no passado dia 18 no Teatro Lethes nasceu de um convite que a APPC fez diretamente ao Clube de Teatro Tapete Mágico, de Faro. Sendo o Clube de Teatro mais antigo a funcionar ininterruptamente na região, completando 20 anos em Setembro, esta estrutura resolveu abraçar mais um desafio: trabalhar em prol da inclusão através de um processo de construção de um espetáculo de teatro. Esse processo teve início no passado mês de novembro com um pedido por parte dos utentes da APPC: não queremos fazer um espetáculo para crianças. Imediatamente foi sugerido o tema do conto de Hans Christien Anderson O Soldadinho de Chumbo. O guião foi construído cena a cena pelos alunos do grupo Tapete Mágico. O soldadinho de chumbo passou a ser um jovem convocado para a guerra do ultramar na época imediatamente anterior ao 25 de Abril.
Tanto os utentes da APPC como os estagiários de Interpretação do 1º ano da Escola Tomás Cabreira receberam com entusiasmo as linhas mestras do texto coletivo que iríamos passar a construir em cada ensaio. E cada sessão de trabalho foi uma descoberta, um passo na construção de um objeto artístico que ansiava por ser apresentado. Como disseram os utentes da APPC, “quando iniciaram os ensaios tudo parecia assustador e o produto final afigurava-se longe de acontecer. No entanto, ao longo destes meses, a aproximação entre todos foi conseguida e o que apresentamos é o resultado de muitas dúvidas, hesitações, lágrimas e muitos sorrisos.”

Este trabalho descreve uma história de amor e sacrifício. Uma história onde o preconceito espreita a cada momento mas acaba por sucumbir à nobreza de valores. Um jovem casal apaixona-se por entre a agitação da cidade. Ela move-se em cadeira de rodas e por isso é apontada quando assume a relação com um jovem atraente. O idílio termina quando ele, juntamente com os jovens da sua idade, são chamados para a guerra. Casa-se apressadamente com a sua rapariga e embarca, deixando uma maré de lenços agitados no Cais de Alcântara. As raparigas escrevem cartas, os rapazes recebem-nas no cenário de guerra, deixando-as ser a fonte da sua coragem. O rapaz recebe um tiro que o deixa imobilizado da cintura para baixo. A rapariga, à custa de muito esforço recupera o andar. O regresso do herói dá-se na altura do 25 de Abril: há cravos vermelhos para o receber e uma atmosfera de esperança. A vida vai mudar e o casal retoma a vida que a guerra interrompeu. 


Mariana Guerreiro

Trabalhar com a APPC foi aprender. Aprender a ajudar e a ser ajudado. Aprender que todos somos iguais, independentemente de nos exprimirmos de maneira diferente. Aprender a arriscar. Aprender a encarar as dificuldades da vida com um sorriso. De facto, a vida torna-se mais fácil se a tornarmos fácil. Repetia esta experiência sem dúvida nenhuma! Obrigada APPC e Tapete Mágico!

Filipe Jesus

É difícil encontrar palavras que descrevam este projecto, mas para mim, a que mais se enquadra é Orgulho! Orgulho de todo o grupo, do Tapete Mágico, da professora, dos alunos estagiários da Escola Secundária Tomás Cabreira, mas acima de tudo, orgulho dos utentes da APPC, que nos presentearam com o seu grande talento e que ao longo do projecto nos foram ensinando muitas coisas.Um agradecimento especial para estes nossos parceiros de palco e aventura
, pois sem eles este projecto não seria possível!

Tuesday, April 21, 2015

Teatro solidário

A receita do nosso espectáculo reverteu para a Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral. É importante sabermos que o fruto do nosso trabalho foi investido nesta grande obra solidária.

Saturday, April 18, 2015

O soldadinho voltou do outro lado do mar

Hoje, num turbilhão de emoções, com os nervos à flor da pele, 30 pessoas pisaram o palco do Teatro Lethes. O soldadinho de chumbo regressou para os braços da sua Maria. Voltou numa cadeia de rodas mas ganhou o sorriso da sua filha e a garantia do amor da sua mulher. Uma história construída em conjunto com a magia do palco e a recompensa das palmas.

É hoje!

Será hoje, às 21h30 que  18 utentes da APPC, 4 estagiários do 1º ano de Interpretação do Curso profissional de Artes do Espectáculo e 5 elementos do Clube Tapete Mágico irão partilhar o palco do Teatro Lethes, apresentando uma história de cumplicidades, partilha, mas sobretudo de esperança. Foi bom toda esta partilha e comunhão de saberes. Aqui ficam os nomes de todos os que partilharam esta  aventura. Da APPC contámos com: Adriano Amaro, Ana Cristina, Ana Isabel, Carolina Basílio, Delfim Charrito, Eugénia Santana, João Drago, João Lourenço, Luís Faleiro, Luís Sousa, Palmira Agostinho, Paulo Coelho, Pedro Gonçalves, Ricardo Sousa, Rúben Pereira, Tânia Patrício e Tatiana Serôdio.
Tânia Patrício e Ricardo Sousa

Da escola Tomás Cabreira contámos com: Irene Amaral, Isabel Viegas, Jorge Martins e Viktoriya Matiychak.
Isabel Viegas e Viktoriya

Mariana Guerreiro, Luís Faleiro e Irene Amaral

Anita e Jorge Martins
Os alunos do Clube que entraram nesta produção foram os seguintes: Filipe Jesus, Mariana Guerreiro, Raquel Martins, Rui Teixeira Sara Pimenta, e Xavier Diaz.



Sara Pimenta e Ana Cristina

Rui Teixeira

Mariana Guerreiro

Delfim e Filipe Jesus

Xavier Diaz

Thursday, April 16, 2015

Vou viver!!!

Vou viver!
Até quando, eu não sei,
Não me importa o que serei...
quero é viver!

O regresso

José regressa da guerra numa cadeira de rodas. O seu regresso coincide com a Revolução. Reencontra a sua família e passa a viver com
a esperança numa sociedade mais justa e inclusiva.

Tuesday, April 14, 2015

Notícias da guerra

Maria ensina uma canção à sua filha: Uma criança dizia, dizia, quando for grande, não vou combater!

O seu marido nunca mais vai poder andar...

Temos de ter esperança!




Monday, April 13, 2015

Um voto de confiança

Leva esta carta à minha Maria. Tem as minhas lágrimas e o meu sangue.

Os estropiados

Por que é que não me deixaram no meio do campo? Fiquei um inútil!

Tu ainda a podes abraçar. Eu já não poderei ver a minha.

As canções para matar a saudade

Milho verde, milho verde, ai milho verde, milho verde, ai milho verde, maçaroca!


À sombra do milho verde, ai namorei uma cachopa!

Milho verde milho verde, ai milho verde, milho verde, ai milho verde miudinho!

à sombra do milho verde, ai à sombra do milho verde, ai namorei um rapazinho!

Mondadeiras do meu milho, ai mondai o meu milho bem!

Não olheis para o caminho, ai que a merenda já lá vem...

Sunday, April 12, 2015

A alegria de receber uma carta de amor


Tenho algo para te dizer

Algo precioso que precisas de saber...

Vais ser Pai!

Faz de nós a tua força para sobreviveres



Um beijo apaixonado desta que te ama... Maria.

O amor à distância através das cartas

Meu amor, meu outro eu, a dor de não te ter é tanta, que sufoco de ansiedade com o ar que respiro

Aqui a vida vai correndo devagar...

Demasiado devagar para uma ausência dolorosa

A sombra da tua falta impede-me de sorrir

Ainda sinto nos meus lábios os beijos que deixaste na minha boca.

Os rapazes embarcam para a guerra